segunda-feira, 5 de agosto de 2013



Discutam da entrevista com Ivan da Costa Marques as tres tendencias levantadas pelo livro "A construcao social de sistemas tecnologicos" do inventor individual, do determinismo tecnologico e das distincoes entre aspectos tecnicos e nao tecnicos. Dentro do debate sobre estas tendencias, levantem alguma questao que lhes chamou a atencao, sobre a qual voces concordem, discordem ou associem a problemas de interesse para o Brasil, o cidadao e o engenheiro.

36 comentários:

  1. Com o passar dos anos, vê-se que o crescimento tecnológico não está isolado de intenções socioeconômicas. Por isso os estudos CTS, como são mostrados no texto, são de extrema importância no mundo atual, procurando relacionar o desenvolvimento tecnológico. Entende-se o inventor não como ser isolado, quase idealizado, mas como um produtor de conhecimento movido por um interesse comum, talvez da nação no contexto histórico em que se encontra. A ciência não se faz mais por sí só, pelo conhecimento sem necessidade, sem foco. A ciência se faz pela motivação externa, para resolver um problema ou uma necessidade real da sociedade.
    Ou seja, os estudos CTS estabelecem que o técnico se relaciona bastante com o político, com o socioeconômico. O principal indício de que isso ocorre está no fato de o crescimento tecnológico ter tido uma explosão consideravelmente grande na época das guerras mundiais, que cuminou com a explosão da bomba atômica, nos findos da segunda guerra, onde se verificou a total correlação entre o desenvolvimento da física e os interesses econômicos de uma nação na guerra. Devido ao grande interesse político envolvido com o desenvolvimento de novas tecnologias, vê-se que praticamente todos os países desenvolvidos investem pesado em pesquisas na área da ciência, pois geralmente o ganho tecnológico rapidamente se associa a um know-how bastante cobiçado pelas empresas dos outros países, ou seja, o desenvolvimento de novas tecnologias geralmente proporciona o crescimento tecnológico.
    Com relação ao Brasil, essa relação ciência-política se coloca à tona quando se considera a exploração das barreiras do pré-sal, visto que o procedimento, sem um conhecimento prévio aguçado, pode implicar na perda de rios de dinheiro e simultaneamente pode implicar num dano ambiental gigantesco. Além disso, há o vislumbrar da construção de vários prédios e estádios para a copa, e com a intenção em investimento em novas usinas energéticas. O país está numa fase, portanto, de investimento em tecnologia, que se pode verificar com o advento de programas do governo como as bolsas do CNPq e do programa Ciência sem Fronteiras, que possibilitam a circulação de conhecimento no meio universitário e a troca de conhecimento com o exterior, bem como a atração de cientistas do exterior para o país. Até os atuais interesses do governo em duplicar as vagas do ITA e triplicar as do IME, as duas principais instituições de excelência no ensino de engenharia, podem ser vistas como um incentivo ao desenvolvimento tecnológico aplicado a um possível uso nas duas áreas citadas.
    Concluindo, portanto, é verdade que é necessário que se estude os rumos da ciência não só com um olhar técnico, mas sim considerando-se os interesses que existem por trás de toda e qualquer pesquisa que se desenvolve dentro das várias universidades de um país, inclusive do Brasil em sí.

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  2. “A ciência e a tecnologia têm interferido no ambiente e suas aplicações têm sido objeto de muitos debates éticos, o que torna inconcebível a idéia de uma ciência pela ciência, sem consideração de seus efeitos e aplicações”.
    Tal afirmação, retirada do artigo “Uma análise de pressupostos teóricos da abordagem CTS no contexto da educação brasileira” de Wildson dos Santos e Eduardo Mortimer, trata de uma das premissas dos estudos CTS, qual seja, a necessidade de não dissociar o conhecimento técnico-científico do contexto socioeconômico no qual é produzido. De fato, como no comentário de Airton, o cientista e o inventor, imbuídos em uma sociedade e trazendo consigo valores e tradições, dificilmente se projetam com total imparcialidade diante do experimento. A ciência idealmente objetiva e neutra acaba por estabelecer, em sua construção, uma relação inevitável com valores políticos, sociais e culturais, de maneira que se faz imprescindível a desmistificação da infalibilidade científico-tecnológica na sociedade.
    Das três tendências levantadas pelo livro "A construção social de sistemas tecnológicos", explicitam-se, portanto, a do inventor individual e a da distinção entre aspectos técnicos e não técnicos. No entanto, quanto ao determinismo científico, existem ressalvas a serem feitas. Quando Ivan Marques da Costa afirma que “não existe solução técnico-científica sem que se considere melhor para quem, para quê, onde e quando”, recai-se sobre o debate relativo ao “fazer ciência pela ciência”, da citação inicial.
    Nesse debate, os estudos CTS se posicionam de maneira a endossar a pesquisa voltada a interesses da sociedade, nos quais ficam evidentes as intenções, os beneficiários e as questões éticas do projeto. Esquecem-se, no entanto, que a pesquisa básica, em que os cientistas têm a liberdade de satisfazer a sua curiosidade de interrogar a Natureza, sem ter em vistas nenhum objetivo prático de curto prazo, mas buscando o conhecimento pelo conhecimento, seria provavelmente menosprezada. Carl Sagan, no livro “O mundo assombrado pelos demônios: a ciência vista como uma vela no escuro”, defende a ciência com um fim em si mesma como maneira única de se obter avanços notáveis no desenvolvimento tecnológico. Para tanto, o autor cita como as pesquisas de Maxwell, a priori destituídas de objetivos práticos, fundamentaram a teoria eletromagnética, sem a qual os sistemas de telecomunicações praticamente inexistiriam da maneira como os conhecemos. Segundo ele, “Dar dinheiro a alguém como Maxwell poderia ter parecido o encorajamento mais absurdo da ciência movida pela curiosidade, e uma decisão imprudente para legisladores práticos. [...]Maxwell não estava pensando no rádio, no radar e na televisão quando rabiscou as equações fundamentais do eletromagnetismo; Newton nem sonhava com vôos espaciais ou satélites de comunicações quando compreendeu pela primeira vez o movimento da Lua; Roentgen não cogitava em diagnóstico médico quando investigou uma radiação penetrante tão misteriosa que ele a chamou de raios X; [...]Watson e Crick não imaginavam a cura de doenças genéticas quando tentavam decifrar a difratometria dos raios X do DNA; Rowland e Molina não planejavam implicar os CFCs na diminuição da camada de ozônio quando começaram a estudar o papel dos halógenos na fotoquímica estratosférica.”
    Assim, ainda que se verifique a falibilidade da ciência, bem como sua relação com aspectos da sociedade, legislar sobre seu progresso, intentando adaptá-lo às necessidades práticas, pode implicar sua estagnação.

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  5. Tudo começa na escola básica. Temos um professor de Matemática, outro de Biologia, outro de História. Algumas vezes, eles nem se conhecem; outras muitas, declaram-se não conhecedores das outras áreas do conhecimento. Assim, vamos sendo apresentados a conteúdos aparentemente desconexos e desde cedo questionados pela nossa preferência: "qual é sua matéria favorita?", "o que você quer ser quando crescer?". Logo em seguida, a escolha da faculdade e, em nome da “importância da especialização”, dedicamo-nos inteiramente a uma das áreas do conhecimento, em detrimento de todas as outras. O que comumente passa despercebido por nós, no entanto, é que a vida é disciplinar.
    No campo da Ciência e da Tecnologia, essa cultura é facilmente notada através do mito da universalidade e da neutralidade da ciência pura: “o conhecimento científico independe de quem o produz e só sua utilização envolve decisões políticas.” Existe um grande divisor entre o técnico e o político, o qual transforma cientistas e engenheiros em meros artefatos de produção, desprovidos de senso crítico e ético em sua área profissional.
    Nesse contexto, surgem os estudos de CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade), que marcam a entrada da antropologia no laboratório, ou seja, passou-se a estudar a ciência enquanto ela é feita e não somente seus resultados. Como Ivan da Costa Marques afirma em sua entrevista, tal estudo vem para romper com a dicotomia técnico e político, objetivo e subjetivo, Natureza e Sociedade, de tal forma que os conhecimentos e as inovações possam ser mais bem entendidos. Afinal, não existe uma melhor solução técnico-científica sem que se considere melhor para quem, para quê, onde e quando.
    Disso, com a importância do desenvolvimento dos estudos CTS em grandes universidades, no sentido de formar um profissional mais preparado para intervir no complexo Natureza/Sociedade. No caso específico do ITA, talvez as reflexões nessa área sejam ainda mais importantes, uma vez que a Disciplina Consciente é consensualmente parte da formação de um iteano, como um valor ético que o guiará durante toda sua vida profissional, inclusive na sua opção de aceitar ou não certo projeto.

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  6. A entrevista de Ivan da Costa Marques detalha e explicita aplicações da CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade). Uma questão interessante para se levantar é a influência da CTS no desenvolvimento de soluções aplicadas aos problemas do Brasil e da engenharia em geral.
    Uma situação que, além da CTS, envolve também o sistema educacional brasileiro é a defasagem entre o número de engenheiros formados nas universidades do país e a demanda por esses profissionais no mercado de trabalho. Nesse ponto, o desenvolvimento da ciência didática como forma de aprendizado por meio de projetos científico-educacionais, além do uso as tecnologia para introduzir métodos analíticos e numéricos utilizados recorrentemente no ambiente de trabalho de um engenheiro.
    Outro problema frequente no Brasil é o imenso tempo gasto em obras públicas e consequente desperdício de verba. O avanço científico permite fazer análises das possíveis causas de paralisação a fim de prever suas soluções e o desenvolvimento de algoritmos mais eficientes para conclusão da empreitada. Consoante a isso, o avanço tecnológico permite desenvolver técnicas que tornem possível e facilitem a implementação desses algoritmos num tempo hábil. Como consequência, a sociedade poderá se sentir mais segura com relação aos projetos tocados pelo governo e ao destino dos impostos pagos.
    O estudo do trinômio Ciência, Tecnologia e Sociedade conjugados e aplicados na solução de problemas nacionais irá conferir ao Brasil capacidade de crescimento e segurança para desenvolver ainda mais a CTS.

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  7. A visão da ciência com sendo “neutra” (livre de valores e influências externas) tem sido superada nos últimos tempos, pois tem ficado cada vez mais claro que o contexto, os valores sociais, os interesses políticos e econômicos têm implicações na escolha dos temas e na política que define as prioridades de pesquisa.
    A partir da leitura, é possível compreender ciência e tecnologia como construções sociais, pois o desenvolvimento científico e tecnológico é influenciado pela economia e cultura e também produz efeitos sociais e políticos.
    Assim, o argumento de que a ciência precisa ser controlada e direcionada para a solução de problemas relevantes para sociedade vem ganhando cada vez mais importância. E como consequência disso, valoriza-se cada vez mais produções científicas que auxiliam e melhoram o cotidiano da sociedade.
    Contudo, cabe ressaltar que apesar da importância dos avanços científicos, responsáveis por proporcionar um crescente domínio sobre a natureza, grande parte da população ainda passa por necessidades que podem ser consideradas absurdas quando comparadas às possibilidades técnicas/tecnológicas que o homem tem para saná-las, sobretudo, por dependerem de vontade política.

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  9. A ciência e a política se mostram em vários pontos da história entrelaçadas. Exemplos como guerras e aceleração de desenvolvimento, como citadas pelo Airton, explicitam essa relação. E é justamente por causa dela que os estudos CTS são essenciais para o avanço nesses dois campos.
    A entrada da antropologia na produção de conhecimento cientifico e tecnológico, mostra ao pesquisador que ele não deve ser um simples peão dos interesses políticos e das demandas econômicas.
    Na entrevista é visível que o Brasil já da sinais de que está acordando nesse sentido, no VII ESOCITE (sétimas jornadas latino-americanas de estudos sociais das ciências e das tecnologias) cerca de metade de trabalhos eram oriundos de instituições nacionais.
    Portanto, o estudo CTS é necessário no Brasil principalmente em tempos de crescimento acelerado como o atual (crescimento da economia e melhoramento da infra-estrutura ocasionado também pela copa e olimpíada), para que este seja um desenvolvimento fundamentado também no sentido social, promovendo uma inter cooperação entre povo, ciência e poder.

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  10. A entrevista de Ivan da Costa Marques levanta três tendências importâncias no desenvolvimento tecnológico e social indicadas pelo estudo CTS.
    A primeira é a descentralização da invenção tecnológica, afastando-a do inventor individual (vulgarmente conhecido como "gênio"), e enfatiza que na verdade as invenções hoje são parte de um processo de demanda, com donos e procuradores, intermediadas por grandes instituições.
    A segunda diz respeito ao determinismo tecnológico. Segundo esses estudos, é preciso fugir dele: não há sentido em dizer que há melhor solucão técnico-científica em geral, mas que essa existe para casos específicos, onde conhecem motivos, especificações, finalidade e urgência. Ou seja: o engenheiro/técnico há de se adaptar às exigências do mercado, na medida em que o é pedido. Dessa forma, ele deve distanciar-se da ideia de que deve cuidar especificamente da parte técnica: suas escolhas ao desenvolver esse artefato com certeza acarretará mudanças político-sociais também.
    A terceira tendência é a de abandonar a visão instituída de que há um grande "gap" de significado entre o "técnico" e o "político". Na verdade, os dois estariam intimamente ligados, como sugere o termo usado "rede sem costura".
    Desta forma, os estudantes de CTS (ou STS, no âmbito estrangeiro) tentam dissociar dos cidadãos a ideia romantizada (ou antiquada) da ciência: de que há uma ciência perfeita, onde o profissional apenas se preocuparia com a parte técnica e que haveria nela um conceito absoluto de melhoria. Na verdade, as tendências apontam que os profissionais da área (no caso, principalmente os engenheiros) precisam melhor se adaptar e atender ao mercado, levando em conta tanto as questões tecnológicas quanto sócio-políticas que o seu trabalho acarretará.

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  11. Por muito tempo, ciência esteve desagregada a qualquer estudo referente a cultura humana. A política, principalmente, era tida como objeto de estudo da filosofia, sociologia e história, ou seja, a ciência pura era "neutra". É nesse contexto em que surge o estudo CTS, que é resumidamente, a entrada da antropologia no laboratório, segundo Ivan Marques em sua entrevista.
    Graças ao CTS, a maneira pela qual cientistas (considerando o uso desse termo como aqueles que pesquisam e desenvolvem o saber) estão estudando e trabalhando está se transformado. Não existe estudioso imparcial, ou melhor, nunca existiu, porém no cenário atual em que o conhecimento global dobra a cada ano (http://www.industrytap.com/knowledge-doubling-every-12-months-soon-to-be-every-12-hours/3950), inovar não é mais possível apenas com um raciocínio lógico aguçado enclausurada no próprio objeto de estudo, seja para advogados, seja para engenheiros. Dessa forma, é importante reparar e reestruturar a forma pela qual os cidadãos aprendem (desde o ciclo básico)
    Apesar do CTS ser recente, ainda mais no Brasil, é notável o quão significativo estudar, não somente os resultados da ciência, pode proporcionar para os profissionais brasileiros tendo em vista a qualidade, como também, a quantidade de engenheiros formados a cada ano. Poucos homens e mulheres são realmente capacitados a enfrentar o turbulento mercado de trabalho, conseqüência do estudo unicamente direcionado a ciência.
    É nesse âmbito que o CTS "atua", para inserir a interdisciplinaridade no estudos científicos. Para o Brasil, aplicar o CTS no sistema de ensino criará indivíduos melhores preparados e que não dominam unicamente o saber "técnico". Curiosamente, vale lembrar que na Grécia Antiga, considerada como um dos períodos de maior desenvolvimento acadêmico, Matemática e Filosofia faziam parte do mesmo campo de estudo. Isso deve servir de exemplo para nós.

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  12. Os Estudos CTS procuram mostrar a necessidade da interdisciplinaridade no estudo das várias áreas do conhecimento. Há mais de trinta anos, havia a ideia de que as pessoas deveriam possuir um alto grau de especialização em uma área do conhecimento em detrimento das outras. Acreditava-se que o conhecimento só seria ampliado se cada acadêmico se ativesse ao seu setor de pesquisa.
    Com o passar do tempo, perceberam que a natureza e suas relações com o homem e do homem com ele mesmo (sociedade) estão todas interligadas, e, por esse motivo, não se pode estudar cada parte separadamente. Na área de engenharia civil, por exemplo, o engenheiro deve ter um senso de comunidade para construir um conjunto habitacional. Assim, nós precisamos estudar outras áreas do conhecimento para podermos desenvolver a sociedade.
    Os Estudos CTS no Brasil ainda estão longe de estarem sendo aplicadas na prática. Um bom começo é a introdução da interdisciplinaridade no conteúdo obrigatório do ensino fundamental e médio, onde o conhecimento deva ser apresentado e passado de forma conjunta entre todas as disciplinas. Seria uma forma de incentivar o estudo das várias disciplinas, mostrando utilidade em todas. Depois, deve ser realizado um grande investimento no ensino superior, para que esse conhecimento possa ser utilizado de forma prática no desenvolvimento das cidades e do próprio Brasil.

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  13. Os avanços técnico-científicos trouxeram consigo o debate ético e social sobre a utilização das novas tecnologias. Assim, torna-se essencial o entrosamento do técnico e do subjetivo. Como diz Ivan da Costa Marques: “Os conhecimentos científicos e as inovações podem ser mais bem entendidos se os elementos ditos ‘técnicos’ não forem postos de um lado e os ditos ‘sociais’ ou ‘políticos’ de outro”. Os estudos CTS entram nesse meio buscando estudar estes fenômenos, comungando com os laboratórios os estudos sociais, acompanhando o progresso da ciência, e não apenas a futura utilização da ciência como antes o fora.
    Assim como a Ana Carla explicou em seu comentário, estamos inseridos numa cultura onde a especialização é mais valorizada que a interdisciplinarização e, assim, os engenheiros e cientistas se transformam em profissionais que ignoram os possíveis impactos de suas pesquisas na sociedade. Afinal, estamos acostumados a acreditar na neutralidade da pesquisa e que apenas o usuário desta deve se preocupar com a questão ética. Nós, estudantes da área de exatas internalizamos (no pretérito e no presente) a ideia de que tudo é absoluto e lógico.
    Portanto, é extremamente necessária a formação de engenheiros e cientistas preparados para lidar com o saber em todos os seus ângulos. Precisamos desfazer a nossa ideia da naturalidade da divisão entre as ciências “sociais” e “naturais” e reconhecer que ela só existe atrelada à vertente da “especialização plena”, prejudicial. Os estudos CTS são de extrema validade, especialmente, no ITA, onde infelizmente muitos alunos entram no curso com a imagem das humanidades como algo dispensável.

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  14. O avanço tecnológico teve, no século XX, um crescimento extraordinário. Desde equipamentos de comunicação a armas de destruição em massa, tudo é possivel hoje em dias. À luz dos debates éticos e morais que questionam onde vamos parar, existe no mundo um grupo de estudos que há tempos vem buscando solucionar as questões mais complexas. Um desses estudos chamam-se CTS (Ciência Tecnologia e Sociedade) .
    Na entrevista com Ivan da Costa Marques, este nos apresenta o conceito de CTS bem como a atual conjentura no cenário nacional. Na entrevista são citados tendências a saber: o afastamento da figura do inventor individual; o afastamento do determinismo tecnológico e a distinção entre os aspectos politicos, economicos , sociais e tecnicos do desenvolvimento tecnológico. Deste estes cabe ressaltar a importancia da segunda tendência pois mostra preocupação com necessidade de incutir na mente dos futuros engenheiros essa mentalidade de não apenas pensar no que produzir mas também porque e para quem produzir a luz das necessidades e responsabilidades mundiais.

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  17. Como a estrutura da sociedade contemporânea é caracterizada pela organização política e pela valorização dos direitos humanos e da ética, fica claro notar que ciência não pode se desenvolver sozinha, sem analisar as implicações que causaria nas áreas sociais, éticas e políticas. E a partir disso, faz-se necessário o surgimento de uma ciência interligada com essas outras áreas. Assim que surge os estudos CTS, que relaciona ciência, tecnologia e sociedade, uma vez que a humanidade chegou num estágio em que o avanço da ciência já é capaz de fomentar consequências globais, como a criação de bombas atômicas, usinas nucleares, vacinas e antibióticos.
    Com isso, conclui-se que é preciso ter mais cautela com os avanços científicos tecnológicos.
    Os estudos CTS estão ganhando importância, no nosso país também, os estudos CTS no Brasil já ganharam uma característica de trabalho local, onde os brasileiros não precisam se relacionar com os problemas das categorias universais, e aqui podemos sair com nossas próprias verdades para incursões e negociações locais/globais.

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  18. O CTS faz com que a entrada da antropologia no laboratório se torne possível. Isso faz com que a ciência propriamente dita tenha uma relação mais estreita com os estudos ligados a sociedade.
    Falando mais especificamente da engenharia, percebe-se que há um contato muito forte entre o engenheiro e a sociedade. Para exemplificar melhor, irei usar a arte como exemplo:
    No caso da arte, a sociedade e suas caracteristicas em um determinado presente são uma grande influencia na obra do artista, assim como a obra do artista influencia e transforma a sociedade. Assim, o papel da engenharia é semelhante ao papel da arte. Pois, atualmente, a engenharia de concepção, tão valorizada pelos docentes do ITA, se constrói de acordo com as necessidades da sociedade e acaba mudando a forma de pensar e agir da população.
    Por isso, estudar a relação entre tecnologia e sociedade é de extrema importância no que diz respeito a direcionar as tendencias da engenharia contemporânea. Assim sendo, é recomendável que os engenheiros recebam uma boa formação em humanidades, com o intuito de fazer com que os mesmos desenvolvam uma ligação mais forte com a sociedade.

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  19. Os estudos de CTS permitem o desenvolvimento de um conhecimento mais consciente com relação a realidade que o cerca e as suas possíveis consequências sociais . Assim, desmitifica-se a imparcialidade da ciência, já que esta, ao ser desenvolvida por indivíduos, acaba por possuir traços da cultura (e dos próprios interesses) dos estudiosos. Evidencia-se, pois, a necessidade da implantação da ideia de “verdades próprias” de cada região, conforme afirma Ivan da Costa Marques, promovendo, dessa forma, uma aproximação entre a “Natureza” e a “Sociedade”.
    Outro tópico relevante abordado na entrevista consiste na análise do determinismo tecnológico. A defesa da universalidade do saber acaba por estabelecer como certo uma unica visão dos fatos. Isto é, a cultura dominante estabelece que suas verdades (que satisfazem sua situação social e política) são sempre validas, o que limita o desenvolvimento do conhecimento ao se desprezar as peculiaridades das regiões.
    Além disso, no contexto do ITA, considero extremamente importantes as considerações feitas por Ivan da Costa com relação a importância da abordagem social dos estudos científicos, já que o engenheiro deve sempre estar ciente das possíveis consequências (positivas ou negativas) de seus estudos e da sua responsabilidade de ajudar no desenvolvimento social e humanitário.
    Não obstante, conforme discutido belamente pelo Henrique, a defesa de que o estudos científicos devem ser sempre acompanhados de interesses sociais/políticos se torna abusiva, já que em muito se progrediu o conhecimento a partir de estudos que a priori não tinham nenhum desses interesses.

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  20. A entrevista de Ivan da Costa Marques define CTS e traz algumas de suas aplicações. Os estudos CTS se desenvolveram intensamente após surgirem os chamados estudos de laboratório, e buscam incluir a antropologia no laboratório, unificando o técnico com o político.
    O texto também discute três tendências apresentadas pelo livro "A construção social de sistemas tecnológicos-novos rumos na sociologia e na história da tecnologia". Essas três tendências dizem respeito à preocupação de afastar o entendimento de ciências, tecnologias e inovações do inventor individual como conceito explicador central; do determinismo tecnológico; e de fazer distinções entre os aspectos políticos, econômicos, sociais e técnicos do desenvolvimento tecnológico.
    Em relação à tendência do inventor individual, considero extremamente relevante uma revisão da legislação referente ao direito à propriedade intelectual, visto que está cada vez mais comum grandes instituições se apoderarem de conhecimentos científicos-tecnológicos e usarem de aparatos jurídicos para ganhos financeiros e legislar sobre como devem ser nossas vidas.
    Essa e outras discussões presentes no texto mostram o quão relevante são os estudos CTS, e nos mostram como os mesmos estão sendo cada vez mais reconhecidos pelo Brasil e pelo mundo.

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  21. Nas últimas décadas, o desenvolvimento tecnológico teve um grande avanço, englobando várias áreas, desde pesquisas científicas a novas formas de produção. Em busca de inserir a ciência nos campos políticos e sociais, a fim de diminuir a distância que existe entre o lado objetivo e o lado subjetivo que constituem a pesquisa, os estudos CTS (Ciência Tecnologia e Sociedade) foram bem mais intensificados.
    No Brasil, porém, o desenvolvimento desses estudos ainda estão em um estado inicial. De um lado, são realizados projetos pioneiros, do outro, muitos conceitos de outrora ainda são muito vigentes na realidade dos brasileiros.
    Na entrevista apresentada com Ivan da Costa Marques, uma das tendências que mais me chamaram atenção, foi o afastamento do determinismo tecnológico, a tendência 2, que implica em ensinar todos os estágios da sociedade que não existe a melhor forma de produzir tecnologia. O julgamento de a estratégia utilizada está intimamente ligado aos fatores que motivaram a realização da pesquisa, como qual o objetivo a ser alcançado, quais impactos sociais e qual o público que dever ser beneficiado.
    Verifica-se, portanto, que estando diante desse contínuo e progressivo crescimento tecnológico, analisando a realidade brasileira, os estudos CTS podem ser mais intensificados e melhor difundidos para que, assim, os antigos paradigmas sejam deixados para trás e possa haver um real integração entre o setor tecnológico e os setores econômicos e sociais.

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  22. O entrevistado tem um ponto de vista bastante interessante sobre o desenvolvi-
    mento dos estudos de CTS no Brasil,em relação aos Estados Unidos.Nos Estados Unidos,
    tal estudo vem sendo cada vez mais valorizado por renomadas instituições de ensino e
    importantes centros de pesquisa e tem um grau de especificidade elevado.No Brasil,
    os estudos de CTS tem um significado mais geral e amplo,fazendo referência a análises
    de ciência e tecnologia.Além disso,os estudos de CTS no Brasil estão muito prematuros.
    Um ponto interessante levantado na entrevista é que não deve-se sempre distinguir
    elementos técnicos e não-tecnicos,caso contrário há o risco do conhecimento e as
    inovações não serem bem entendidas (como bem diz o autor).Assim,constata-se que em
    um engenheiro completo,os conhecimentos não-técnicos(político,social e etc) são quase
    tão importantes quanto o conhecimento tecnico e tecnológico,o que torna o aprendizado
    de humanidades tão essencial para a engenharia.
    As perspectivas de desenvolvimento dos estudos de CTS no Brasil,para o autor,
    são bastantes positivas,pois o mesmo também considera o profissional que compreende o
    panorama social bem mais completo.

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  23. Caráter humano social na ciência
    Sabe-se que não há como separa a “produção” científica e tecnológica dos aspectos relacionados com a forma pela qual se produz tal ciência, já que quem participa dessa produção são seres humanos, e várias questões a respeito desse relacionamento intrínseco podem ser levantadas, principalmente quando se fala sobre a importância (ou também fama) de cientistas para a comunidade científica e toda a política envolvendo o país e as ações desses ditos cientistas. Isso desfaz um mito de que quem lida com cientificismos, principalmente aqueles envolvendo ciências matemática, deve apenas focar nos resultados finais, sem levar em conta de que, sem dúvida, deve haver essa interseção entre o humano e os aspectos inerentes à descoberta do que há no cosmos, as leis físicas e naturais.
    A relativa pouca inserção do Brasil em áreas da CTS, em comparação com países europeus, tem a ver com a produção limitada de ciência, visto que há muito a importação de tecnologia em relação a várias áreas do conhecimento em detrimento da própria produção interna de conhecimento científico, mas também tem ligação com o fato de, no Brasil, haver um pensamento um pouco restrito sobre a interligação do cientista de áreas como a engenharia com o cientista responsável pela abordagem do aspecto humano. Nas universidades, a inclusão de cadeiras de humanidades em cursos de engenharias já é um bom começo para estabelecer uma ponte de contato entra ciências sociais e ciências ditas exatas.
    A engenharia em si foi criada com a intuito de aplicar à realidade toda a “situação teórica” das leis físicas e naturais, notando-se claramente a ligação entre sociedade e ciência e tecnologia. Portanto, não há como situar diferença de importância entre ciências exatas e sociais. Dessa forma, na área da educação, está havendo uma maior ênfase da relação cada vez mais inseparável entre o racional e “não-racional”, os aspectos humanos envolvidos na concepção da didática no ensino e a complexidade do conteúdo exposto aos alunos e do relacionamento entre alunos e professores.

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  24. O debate filosófico gerado pelos avanços tecnológicos e o ideal por trás de cada descoberta é embasado puramente no impacto social que a ciência deve ou não causar. Nesse contexto, o estudo e a formação em CTS pode representar uma tendência no perfil de profissionais, pois, independentemente da área de atuação, o foco na melhoria da sociedade seria uma realidade refletida no avanço de um país.
    A partir do que Ivan da Costa Marques falou em sua entrevista, "um perfil que se delineia a partir dos estudos CTS é aquele de um profissional mais preparado para intervir no trabalho de divisão Natureza/Sociedade a partir das condições locais específicas...", podemos perceber que o estudo social deve estar inserido na formação tanto de engenheiros de concepção e pesquisadores, quanto de cientistas sócio-políticos e advogados, devido a visão diferenciada que eles podem ter em relação a praticamente todo o plano de ação de um país para os profissionais internos e para o avanço como nação.
    No Brasil, é possível notar a preocupação que educadores e instituições possuem em relação a isso, devido à inserção de intertextualidade entre disciplinas agregada ao Ensino Médio e à importância que escolas de ensino superior tem dado à disciplinas que agregam valores sociais e instigam o pensamento crítico dos estudantes.

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  25. Desde a pré-história o homem tem criado coisas que lhe permitem um maior bem estar e acomodação perante os problemas impostos pela natureza e por outros homens.
    A partir dos alquimistas a ciência começou a se desenvolver com mais veemência e passou a não mais apenas criar coisas para usufruto próprio e sim para entender mais a própria ciência como também para satisfazer o desejo de descobrir algo novo. Desde então, essas invenções e descobertas laboratoriais ficaram por conta dos inventores individuais que tinham uma capacidade abstrativa muito grande e conseguiam ver além do seu tempo.Isso tudo influenciava para que se pensasse em um determinismo tecnológico.
    Após a Guerra Fria, com a implementação do capitalismo em quase 100% das potências tecnológicas até então, a ciência começou a ser usada por grandes organizações para gerar lucro a partir de inovações vendidas como indispensáveis para todos os seres humanos. Em virtude do poder financeiro das grandes instituições, elas passaram a usar de meios jurídicos e financeiros manipuladores, para impedir que os "gênios" conseguissem inventar(descobrir) coisas que ficassem só para eles, como também para fazer com que esses inventores individuais começassem a trabalhar para elas.
    Com isso, os cursos de engenharia em geral passaram a ser ministrados por professores que, em sua maioria, não são pesquisadores e sim apenas detêm a técnica e a reproduzem fazendo com que os novos engenheiros não entendam a ciência por si só e sim apenas conheçam a técnica.
    Um outro fator muito importante na atualidade são as teorias conspiratórias que falam industria faz guerra com ela mesmo criando problemas para ela resolver.
    Portanto, concluo que muitas coisas que são realmente úteis para o ser humano já devem estar descobertas mas não estão a disposição de todos por questões políticas. Com isso que consigo ver a importância dos estudos CTS pois eles permitem que se alie as questões políticas com as questões de necessidades de exposição do que já foi descoberto.

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  27. Pensar que a ciência pura é neutra, ou seja, que ela existe fora de um contexto onde o conhecimento tem mais importância que sua finalidade, é uma ilusão. Não se pode manter o pensamento arcaico de que o cientista - entenda cientista produtor de conhecimento tanto teórico quanto prático - deve se abster das implicações éticas dos resultados de seu trabalho, e que cabe à ele apenas a parte técnica. E as consequências do uso de seu trabalho devam ser avaliadas apenas pelos usuários. Vamos analisar alguns casos históricos:
    A psicologia e a biologia forneceram provas cientificas para a confirmação da dominação masculina, segundo a evolução as mulheres seriam preparadas para a maternidade e manutenção do lar e os homens para a caça. Sustentando a cultura da época em que cabia papéis bem definidos para homens e mulheres na sociedade. Outro fato histórico foi o neodarwinismo, o qual afirma a superioridade das raça ariana perante as demais, que foi estudo afinco por etnólogos narcisista no século XIX.
    Todavia, deve ser levado em conta o interesse político nesses estudos, pois muitas vezes o pesquisador não assume uma postura neutra diante de suas pesquisas e trabalha com o intuito de a achar meios justificar uma premissa não necessariamente verdadeira.

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  28. Desde o início do desenvolvimento da Ciência, o conhecimento técnico parece ser visto como algo à parte do político e do socioeconômico. Essa ideia perpetua até os dias atuais, não sendo incomum ouvir frases de tom irônico do tipo: “porque se um engenheiro não souber de Sociologia, a ponte vai cair”. Sim, obviamente que um engenheiro não vai se especializar em Sociologia, mas é razoável que o impacto da ponte na dinâmica da sociedade seja levado em conta durante o processo. É a partir dessa problemática que surgem os estudos CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade).
    Os estudos CTS, segundo a entrevista, apresentam três tendências: de reavaliação do “gênio” como conceito explicador central, o que se justifica, tendo em vista que somos produto dos recursos e aparatos da sociedade em que vivemos, assim, entra-se no problema dos direitos autorais (a princípio, acredito que não sejam justificáveis, embora a indústria atual não funcione sem eles, o que não justifica, mas colabora), e do próprio reconhecimento (quem lembra do Tycho Brahe de Kepler, ou da Rosalind Franklin de Watson e Crick?); de afastamento da ideia do determinismo tecnológico, aqui, embora acredite que o ponto levantado pelo Henrique seja pertinente ( a importância da ciência pela ciência, segundo comentário), acho que podemos fazer ressalvas a ele, já que, tendo em vista que a dependência da reprodução é posterior à produção de uma tecnologia, é fácil mostrar casos em que a ciência pura foi relevante após aplicações práticas dela serem desenvolvidas, e citando uma suposta frase de Carl Sagan: ” A História está repleta de pessoas que, como resultado do medo, ou por ignorância, ou por cobiça de poder, destruíram conhecimentos de imensurável valor que em verdade pertenciam a todos nós. Nós não devemos deixar isso acontecer de novo.”, mas o que dá valor a um conhecimento, senão sua prática?; por último, temos a união dos aspectos técnicos com os políticos, econômicos e sociais, na metáfora muito bem formulada, acho, de “rede sem costuras”, que representa exatamente o mundo como ele é, com todos esses aspectos interligados naturalmente, e essencialmente, não sendo algo artificial, “costurado”, juntá-los.
    Eu, pessoalmente, não conhecia o conceito de estudos CTS, e achava mesmo estranho não haver alguma abordagem do gênero, em uma escala tão geral, pois é algo não muito difícil de se ter em mente, e que procura apresentar uma alternativa para um problema comum: o engenheiro, no caso específico daqui, achar que seu trabalho é o de uma máquina, esquecendo que mesmo ela foi programada por alguém.



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  29. Ciência, Tecnologia e Sociedade, não há como separar esses três temas. É indiscutível que um mundo mais sociável, com mais pessoas interagindo, áreas do conhecimento se misturando, que a evolução da Ciência não acontece, assim com da Tecnologia, o avanço da Tecnologia e da Ciência estão mais interligados ainda. Hoje em dia determinadas cirurgias já podem ser feitas através de braços robóticos, que são controlados pelo médico, que observa o órgão operado através de uma câmera contida nos braços controlados pelo médico, a vantagem desse tipo de cirurgia é a redução das incisões, a diminuição da perda de sangue e do tempo de cura do paciente. É indiscutível impacto social no desenvolvimento da ciência, em épocas de guerra, por exemplo, é impressionante o quanto se estuda e o quanto a tecnologia se desenvolve mais rapidamente do que em tempos de paz. Intercâmbios culturais têm se mostrado também bastante eficazes no desenvolvimento das ciências, podemos ver que a troca de culturas, cada vez mais fácil no mundo globalizado de hoje em dia, tem tornado mais fácil a troca de experiências, acelerando o processo de experimentações, fundamental para a evolução da ciência e da tecnologia. O CST tem se mostrado uma unidade cada vez mais bem elaborada e mais unida, tornando-se uma forma extremamente eficaz do desenvolvimento sócio-tecnológico. Não há mais como separar Ciência, Tecnologia e Sociedade em três ramos da sociedade.

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  30. Os estudos CTS são extremamente interessantes para a nossa sociedade. Digo isso porque sabe-se muito bem que o grande grau de especialização dos profissionais de todas as áreas de todas as ciências os afastam muito, faz com que pouco possam se mesclar e compreender-se mutuamente. Nessa linha, os estudos CTS entram com a formação de uma equipe de profissionais de diversas áreas que combinam conhecimentos para montar novas abordagens acerca de todos os tipos de ciência e com uma abordagem antropológica aplicada a todos os estudos, fazendo com que o interdisciplinar CTS seja um tipo de estudo inovador e único e, não por menos, o seu crescimento é evidente.
    "A Construção Social de Sistemas Tecnológicos" levanta três tendências que entram naquilo que o CTS trabalha: a primeira é a de que o estudo científico deve se afastar da imagem do inventor individual como o "conceito explicador central", para chamar atenção para a mudança na legislação da propriedade intelectual, dado que não é mais comum se ver trabalhos isolados de gênios, mas sim, de grandes equipes e instituições, que detêm o conhecimento científico.
    A segunda é a de que deve-se afastar o estudo científico do determinismo tecnológico, ou melhor, a tendência de humanizar mais a evolução tecnológica, e não mais deixar essa evolução seguir sem um embasamento ético e moral e deixando-a acima dessa base e neutra para aplicações tanto bélicas como geradoras de energia, por exemplo, por conta do seu desimpedido crescimento.
    Por fim, a terceira tendência é a de que deve-se abandonar a divisão entre a ciência aplicada e a política, onde deverá haver um reestabelecimento da relação entre ambas para que colaborem uma com a outra, ou melhor, para que trabalhem juntas em prol da nação para a qual servem, sendo assim, deve haver uma mudança filosófica na política para que permita maior desenvoltura do estudo científico aplicado.
    Um ponto levantado na entrevista que me chamou muito a atenção foi o do trabalho do engenheiro para que se cumpra a segunda tendência. É dito no texto, e reitero, que o estudo científico foi sempre neutro, sempre aberto a todo tipo de alteração, fazendo com que esteja vulnerável a alterações que façam determinada descoberta uma nova grande arma (bélica ou biológica, por exemplo). Mas a grande tendência deverá ser a de que o desenvolvimento de uma invenção seja limitado por esse engenheiro, que sejam impossibilitadas ou dificultadas as alterações que podem levar à destruição, um engenheiro não pode se dispor a deixar que o seu trabalho seja feito para causar sofrimento, não pode deixar de se posicionar em relação ao produto final desse trabalho, é uma questão ética, de grande humanidade, que não pode faltar a ele.
    Concordo plenamente com essa tendência e devo dizer que é muito boa, o cientista deverá desenvolver melhor uma humanidade em suas invenções para que nunca tenham seus projetos desviados e manipulados por governos, por exemplo, para deturpar o produto final, fazendo-o prejudicar a sociedade.

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  31. Antes de tudo,a matéria é excelente para o momento de nossa formação, pois trata de um assunto de suma importância a nós estudantes de engenharia: as relações e as implicações que ciência, política e sociedade guardam entre si. Ela é mais interessante ainda pela proximidade que o entrevistado tem conosco,visto que Ivan da Costa Marques é engenheiro eletrônico iteano da turma 67.
    Nosso veterano fala da CTS(em inglês: Science,Technology and Society), uma ciência que antes eu não conhecia. Talvez isso reforce a primeira tendência do livro "A construção social de sistemas tecnológicos", pois a não-disseminação de tal ciência para a sociedade é de fato um indício do afastamento do inventor individual e o consequente controle das grandes instituições sobre as pesquisas realizadas por este. Um indivíduo que está inserido numa sociedade política e que desconhece a fundo as relações de seu trabalho com o todo estará sujeito a ser manipulado e tratado como uma ferramenta daqueles não têm o interesse de "fazer ciência por fazer ciência". Exemplo disso é o grande cientista brasileiro César Lattes, que foi a peça-chave para a descoberta do méson-pi, mas que não foi laureado com o Prêmio Nobel conjuntamente com seu chefe de pequisa, Cecil Powell. De acordo com o Comitê do Nobel, até 1960, eles premiavam apenas o líder da pesquisa, porém, isso não deixa de ser um esquema que favorecia instituições e pesquisadores mais consagrados. Uma citação de Lattes que merece destaque nesse contexto é:"A ciência universal seria o ideal. Mas a prática é bem diferente. Felizmente, todo segredo dura pouco."
    Dessa forma, encaro o rompimento da separação entre técnica e política/sociedade e o afastamento do determinismo tecnológico(tendências 3 e 2, respectivamente)como indícios do amadurecimento do cientista quanto ao seu método de fazer ciência e o CTS como uma forma acelerar esse processo. De fato, a ciência pura em si mesma trouxe e traz avanços indiscutíveis para o mundo, tanto que bilhões são investidos por vários países nos laboratórios do CERN e do JINR na Suécia. No entanto, saber que tal atividade pode trazer aplicações futuras também é fruto do agir político e ,portanto, acreditar na universalidade científica, ao meu ver, é fanatismo. Vivemos em sociedade, ou seja, automaticamente estamos sujeitos a perder para que outros ganhem e a ganhar,contanto que outras percam.

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  32. Quando Ivan Costa Marques pontua as três tendencias em sua análise, ele demonstra seu desejo de uma ciência engajada aos aspectos pelíticos e sociais – uma ciência voltada às pessoas - como fica claro na última tendencia descritna entrevista “Estudos do CTS: natureza e sociedade na construção do conhecimento científico”. Contudo alguns aspectos do desenvolvimento científico são deixados de lado.
    É indubitável que o grande fim, o grande objetivo, da ciência é sua aplicabilidade, seja na detenção de um conhecimento ou na sua utilização no cotidiano. Inicialmente deve-se ressaltar que mesmo na “ciência pela ciência” há uma contribuição à sociedade; afinal, a compreensão do meio é uma condição “sine qua non” ao sapiens – é o elemento que nos diferencia das demais espécies. Por conseguinte, ainda que uma pesquisa científica não objetive de forma clara uma aplicabilidade cotidiana, ela ainda contribuirá para a edificação dos indivíduos como seres pensantes.
    Não obstante, faz-se mister em salienar que uma pesquisa científica não é um processo cartesiano, como corroborado na discussão sobre o determinismo científico na referida entrevista. Por conseguinte, o desenvolvimento científico-tecnológico é falível, não somente em seus resultados, bem como em seu percusso. É nessa falibilidade em seu desenvolvimento que reside a impraticabilidade de estudos completamente voltados para um fim em específico. Em verdade, muitos poderão ser definidos com precisão antes de sua execussão e muitos cheragarão ao objetivo previsto, contudo, não é válido fazer uma recomendação que rotule ou que tolha os experimentos que se desviam, ou experiências que surjam como curiosidade durante observações não previstas. Ou seja, ainda que o ideal de uma ciência produtiva à sociedade, não se pode determinar que essa prática de um fim e um resultado bem definido e aplicável seja universal e irrestrita. Afinal, boa parte das grandes descobertar, as que de fato revolucionaram a sociedade, desde as teorias de Maxweel, como citado pelo Henrique César, à descoberta da Penicilina, foram frutos de experimentos guiados pela curiosidade.
    Quanto à tendencia da desmistificação do inventor individual, está é completamente pertinente, pois, remete a um entendimento mais próximo à realidade, aproximando as pessoas da ciência, o que resulta em uma relação mais íntima e mais producente, haja vista que na atualidade as pesquisas são geridas por grandes grupos, como já começava a acontecer no surgimento do estudo da natureza quanto ciência. Outrossim, sob a luz de uma sociedade mais próxima ao deselvolvimento científico, a noção da falibilidade da ciiência é imprescindível. Isso torna-se claro ao analisar as descobertas supracitadas, nas quais falhas conduziram a experiências e observações que fugiam ao escopo do esperado à época, proporcionando grandes saltos ao conhecimento da humanidade.

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  33. O progresso da ciência levou a separação dos campos de estudos em áreas específicas,criando filósofos,sociólogos, engenheiros, biólogos etc. Isto no decorrer do tempo trouxe o distanciamento das áreas, fazendo com que se criasse a ideia de que um profissional de uma área nada precisasse saber das demais, ignorando inclusive o estudo da sociedade.
    Dentro deste contexto os estudos de CTS são imprescindíveis para mostrar que não há como separar a ciência dos impactos sociais que ela gera. Desta maneira, profissionais de ciência e tecnologia devem levar em consideração em seus trabalhos e projetos questões ambientais,econômicas, morais e éticas.Alguem que projeta um motor deve pensar na poluição gerada por ele e o impacto que esta trará à sociedade.
    Um ponto positivo é que os estudos de CTS estão se difundindo no mundo o que é evidenciado na criação de pesquisas no ramo em grandes universidades como em Stanford e MIT. A difusão dos estudos de CTS são evidenciados também na criação de materiais renováveis e na criação de "EarthShips", casas sustentáveis energéticamente que não geram poluição e que são criadas a partir de materiais que virariam lixo, reduzindo os impactos ambientais e as futuras consequências para a sociedade.
    Aplicando os conhecimentos de CTS um engenheiro hoje deve pensar nas formas como o protuto criado influenciará a sociedade, principalmente nos materiais que utilizará, tendo em vista a saúde dos operários e consumidores, mesmo que isto não gere o maior lucro o possível.Isto já é observado hoje e se projeta positivamente para o futuro, como é observado na redução do uso do mercúrio, do amianto e de tantos outros materiais danosos à saúde e eficientes tecnicamente que vem sendo cada vez menos ultilizados tendo em vista os impactos na sociedade.Isto mostra o avanço um avanço no ambito de CTS e mostra que O MELHOR TÉCNICO CIENTÍFICO NÃO PAIRA ACIMA DE OUTRAS CONTINGÊNCIAS E MUITO MENOS DEVE SER VAZIO DE QUESTÕES ECONÔMICAS MORAIS E ÉTICAS

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  34. A Ciência, como a entendemos hoje, é regida pela economia de "mecenas". Em outras palavras, temos que, na maioria dos casos, a Ciência pela Ciência, ou seja, com finalidade em si mesma, é praticamente impossível de ser exercida, uma vez que há a necessidade de se produzir lucro em qualquer situação não estatal, incluída no âmbito capitalista. Com isso temos a inclusão das práticas científicas no ramo das coisas influenciadas pela sociedade. Para dar validade então à este comentário, traremos uma análise sobre a necessidade de uma ação aos moldes da CTS, que trabalhe como mediadora da relação Ciência-Sociedade-Política.
    Não apenas baseando-se em lucros, como já foi dito no comentário de Amós Silva, o intuito de se ter uma mediadora entre o produto e o consumidor não apenas aumenta o rendimento com vendas, como também presa pelas condições de produção e utilização desse fruto industrial.
    Seguindo mais os moldes das discussões que se têm hoje em dia, temos também a CTS atuando em áreas de conservadoras como: Impacto Ambiental e Social dos produtos dessa "Ciência Aplicada".
    Contudo, com o perdão do jargão, nem tudo são flores, o impacto sobre o avanço científico é grande quando tudo o que se pesquisa é em função de uma produção direcionada, ou seja, a não prática da "Ciência pela Ciência" atrasa estudos mais amplos que poderiam vir a servir ao que chamei de "Ciência Aplicada" acima.
    Embora tenhamos uma perda, qualquer mudança, principalmente em um modo tradicional, é passível de uma sabatina de críticas e, realmente promovem déficites e superávites em alguns ramos, sendo as vantagens o que viabilizam essa transformação.

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  35. Ciência, Tecnologia e suas relações com a Sociedade


    Conforme Ivan da Costa Marques, a entrada da antropoligia no laboratório possibilitou uma mistura de elementos humanos e não humanos na pesquisa sobre os impactos das transormações científicas na sociedade em tempo real, isto é, "estuda-se a ciência enquanto ela é feita e não somente os seus resultados".
    Antigamente, os filósofos discutiam a forma de estudar a ciência e a veracidade dos fatos por ela atestados, preocupando-se sobre como os avanços da ciência impactavam a comunidade. Inicialmente, a religião era a detentora da verdade e os fenômenos naturais eram explicados com base em preceitos religiosos.
    Ao final da Segunda Guerra Mundial, no entanto, o engenheiro, inventor e político americano Vannevar Bush publicou um relatório cujo título era "Science, the Endless Frontier" do qual se era possível infeir que "a ciência seria capaz de solucionar qualquer problema da sociedade".
    Esse relatório criou um paradigma com relação aos conceitos e relacionamentos entre Ciência, Tecnologia, Governo e Sociedade, pois a Ciência seria a principal responsável pelo estado de bem-estar social.
    Esse relatório propunha que o desenvolvimento social seria dado por uma simples "equação", na qual teríamos uma relacão de proporcionalidade direta entre ciência, tecnologia, riqueza e bem-estar social, isto é, quanto mais desnvolvida fosse a área científica, mais tecnologia seria disponibilizada para as pessoas, fazendo com que elas detivessem mais ferramentas para gerar riqueza para si próprias e para a sua comunidade e, por conseguinte, a sociedade alcançaria um estado de elevado bem-estar social.
    Ao longo dos anos, mais precisamente na Era de Ouro do Capitalismo, percebeu-se que o mercado não era suficiente para organizar a economia, isto é, seria necesária uma intervenção estatal e, portanto, nessa época, foram criadas as leis trabalhistas. Além disso, pudemos perceber que o avanço da ciência não traz apenas benefícios para a sociedade (o exemplo de acidentes como o da Usina Nuclear de Chernobyl ilustram bem esse fato). Há, obviamente, vantagens e benefícios oriundos de avanços tecnológicos mas há também efeitos secundários que podem surgir a curto, a médio e a longo prazo que podem trazer sofrimento para alguns indíviduos e desigualdade social. Sendo assim, os estudos CTS são uma reação à visão acrítica e neutra, superando o processo reativo e criando ações planejadas e mecanismos de diminuir a desigualdade social.

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  36. Os estudos CTS apresentam uma excelente ferramenta para alavancar a produção de inteligência do Brasil, que tem um papel histórico de fornecimento de matéria prima e mão de obra barata e pouco capacitada. A formação de engenheiros e cientistas mais completos implica na crescente criação de tecnologias práticas e originais. Não se pode esperar que uma pesquisa rigorosamente teórica gere um produto social sem que haja a intervenção de um profissional hábil tanto no contexto tecnológico quanto no social.
    Inventores solitários já não são mais uma realidade prática e eficiente, sendo as empresas as reais geradoras de produtos úteis, e isso se torna possível tão somente e apenas em corporações que valorizam a contratação de funcionários versados nos estudos CTS, ou seja, interdisciplinares, aqueles capazes de adaptar a tecnologia para as necessidades da sociedade, e vice-versa. Tais profissionais, munidos de uma visão mais ampla, são capazes de combinar, aplicar e direcionar diversas formas de tecnologia estritamente teóricas para a criação de outras que sejam verdadeiramente comercializáveis e úteis para a sociedade, analisando as necessidades políticas, sociais, econômicas e ambientais da mesma, de maneira a gerir uma produção que visa (e atinge) mais do que o lucro fácil e imediato: um lucro na forma de investimentos coerentes e rentáveis, sem deixar de lado o caráter sócio-ambiental da companhia.

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